A Criação do Conhecimento Organizacional

Hirotaka Takeuchi e Ikujiro Nonaka, no livro Gestão do Conhecimento, abordam a Criação do Conhecimento Organizacional. Particularmente, acho este tema fantástico!
Imaginar como o conhecimento permeia uma organização, seu processo de conversão e disseminação e as formas que propiciam esta propagação, fazem deste tema não apenas um caso de estudo, mas também uma verdadeira filosofia gerencial, mostrando que a gestão do conhecimento organizacional é algo importantíssimo e que requer atenção e dedicação, pois é uma peça fundamental para impulsionar as empresas nas práticas da Era do Conhecimento.  
Conhecimento Tácito e Conhecimento Explícito
Por mais que sejam distintos, os conhecimentos (Tácito e Explícito) interagem, complementando-se de maneira sociabilizada. O Conhecimento Explícito é facilmente comunicado e compartilhado, por estar documentado e podendo estar presente em vários tipos de mídias. Já o Conhecimento Tácito é ligado com emoções, valores e experiências das pessoas, tornando-o mais complexo de ser capturado e aproveitado, por ser subjetivo.
Conversão do Conhecimento Tácito em Tácito
Também conhecido como Socialização, este processo é focado no Compartilhamento de Experiências. Uma pessoa pode aprender o que a outra pessoa está fazendo, simplemente observando-a, sem usar nenhuma linguagem. Uma das formas mais comuns de realizar essa conversão é compartilhando experiências entre as pessoas de um grupo, pois amplia a compreensão e o uso de Modelos Mentais.
Do Conhecimento Tácito para Explícito
Segundo Nonaka e Takeuchi, este processo chama-se "Externalização" e caracteriza-se como "O Processo de Criação do Conhecimento Perfeito". Nesta conversão de conhecimento, o aprendiz cria novos conceitos e explícitos a partir do conhecimento tácito de outra pessoa.
De acordo com os autores, para ocorrer a conversão, usamos Metáforas, Analogias e Modelos, sequencialmente.
As metáforas criam uma nova interpretação da experiência, pedindo ao ouvinte para ver algo mais além do que foi dito e criam novas formas de vivenciar a realidade. É um instrumento importante para a criação de uma rede de novos conceitos. Uma vez que ela pode ser definida como "dois pensamentos sobre coisas diferentes... apoiados por uma única palavra, ou frase, cujo significado é resultante de sua interação" (Richards, 1936, p.93).
A analogia harmoniza as contradições das metáforas, salientando o que há de comum entre duas coisas diferentes. Através do pensamento racional, concentrando-se nas similaridades estruturais e funcionais entre duas coisas, daí suas diferenças. Depois de criados, os conceitos explícitos podem ser modelados.
De forma prática, numa sala de reunião, por exemplo, onde as pessoas estão debatendo sobre o desenvolvimento de um novo serviço, este é um momento propício para a conversão do conhecimento tácito para explícito, pois os participantes começam a imaginar situações, objetos, locais e associar palavras ao que estão imaginando. Neste ponto, as pessoas que estão ouvindo, também passam a visualizar imagens, apoiadas nos conceitos que estão ouvindo dos outros e, baseando-se nas metáforas dos conceitos, comparações e modelando logicamente toda essa tempestade de idéias, novos conceitos são criados e o conhecimento tácito dos participantes, acerca do assunto abordado, é finalmente explicitado.
Do Conhecimento Explícito para Explícito
Das 4 formas de conversão, esta é a que podemos observar de maneira mais clara e paupável. Em nosso dia-a-dia, estamos presentes em salas de reunião, salas de aula, conversamos com pessoas, lemos revistas, jornais, livros, ouvimos música, teclamos com amigos no MSN. Em todas estas situações, muitas informações se fazem presente em diversos formatos e, quando comparamos estas informações, acrescentamos outras informações à original, combinamos com outras, enfim, quando trocamos e combinamos o conhecimento através dos meios, novos conhecimentos podem surgir. Por isso, esta conversão do Conhecimento Explícito para o Explícito é também chamada de Combinação.
O que você está fazendo neste momento, lendo este tópico, é um exemplo do modo de Combinação. Após a sua leitura, você poderá escrever um comentário e debater comigo tudo o que está escrito aqui. Como fruto deste debate, um novo conhecimento poderá ser originado, tanto para mim quanto para você. É desta forma que o Conhecimento Explícito converte-se em um Novo Conhecimento Explícito. Suas aulas no colégio, no MBA, na universidade ou no cursinho pré-vestibular geralmente assumem esta forma.
Nas empresas, esta forma de conversão está presente quando vemos Líderes de Equipes, baseados nas informações obtidas da Alta Direção da empresa, como o desenvolvimento de um novo produto, uma nova meta e adotam estratégicas e passam a operacionalizar estas iniciativas. Através de reuniões, comunicados, memorandos ou até mesmo da própria rede de computadores da empresa, as informações serão disseminadas e novos conhecimentos criados nos colaboradores, a partir da combinação de outros. É o conhecimento sendo criado e distribuído do grupo para toda a organização.
E, finalmente, a Conversão do Conhecimento Explícito para Tácito. Esta conversão também é conhecida como Internalização, fechando o Modelo SECI de Nonaka e Takeuchi, composta, respectivamente por: S - Socialização, E - Externalização, C - Combinação e I - Internalização.
A internalização ocorre quando incorporamos o conhecimento, transformando-o em Tácito. Segundo os autores, é o "aprender fazendo".
Ao colocarmos em prática aquilo que lemos, debatemos em reuniões ou o que foi exposto na sala de aula, potencializamos o nosso aprendizado. Além disto, o ato de anotar "do nosso jeito" o que terminamos de ouvir na sala de aula, resumir um artigo ou quando contamos para alguém o que o líder do processo que trabalhamos acabou de ensinar, transformamos o conhecimento explícito em tácito, internalizando-o. Outro exemplo muito comum é quando usamos Manuais, Blogs ou FAQs para resolver um determinado problema. Imagine que você está tendo problemas para "configurar o relógio do painel de seu automóvel". Quais seriam as maneiras de resolver este problema? Bem, imagino que se você tiver o manual do automóvel, possivelmente buscará a informação que precisa nele, caso contrário, buscará na internet o manual eletrônico do veículo ou relatos de pessoas que já tiveram este problema e como resolveram, outra forma seria perguntar para outra pessoa, que possui o mesmo automóvel que o seu, se conhece a solução do problema. Seja qual a forma, o conhecimento está explicitado em várias fontes. Quando você o acessa, analisa e se dispõe a praticá-lo, está internalizando o conhecimento.
Provavelmente, numa outra ocasião, você poderá auxiliar outra pessoa no mesmo problema ou publicar a solução em algum site da internet.

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